Atuando
especialmente na área da conversão eletroquímica de energia, Ernesto Gonzalez
foi um dos cinco pesquisadores que atuam no Brasil incluídos na lista de
pesquisadores mais citados no mundo no ano de 2014. Gonzalez, doutor em
Fisio-química pela Universidad de Buenos Aires e professor titular da
Universidade de São Paulo (USP) por mais de 20 anos,teve 5.170 citações no
"web of science".
O
número de citações é entendido entre a comunidade científica e acadêmica como
um indicador de qualidade. Quando um trabalho é citado por um cientista em
outro artigo, vira uma espécie de referência na área de pesquisa.
A
carreira de Ernesto Gonzalez contou com um importante incentivo do CNPq no
início das pesquisas em células a combustível, tema ao qual se dedicou nas
décadas de 70-80, com atividades motivadas pela crise do petróleo de 1973.
Segundo
explicou o professor, havia, na época, uma falta de profissionais qualificados
nessa área e foi por meio de bolsa do CNPq, em 1980, que ele conseguiu estagiar
por um ano no Los Alamos National Laboratory, de Estados Unidos. Ao retornar ao
Brasil, iniciou a implantação de um grupo de Eletroquímica dedicado à pesquisa
e desenvolvimento em células a combustível. Esse grupo tem permanecido ativo até
hoje e é uma referência nacional na área.
Um
pouco de história
Quando
aconteceu essa crise do petróleo, surgiu um interesse internacional pelas
fontes de energia alternativas ao uso de combustíveis fósseis com preferência
para as energias solar e eólica. "Visto a dificuldade de armazenar essas
energias, surge um grande interesse pela chamada economia do hidrogênio",
contou o professor Gonzalez.
"O
hidrogênio é um combustível conhecido por séculos, mas não é uma fonte primária
de energia já que no estado livre existe na natureza somente em pequenas
quantidades. Assim, a economia do hidrogênio compreende a produção,
armazenamento, distribuição e uso do hidrogênio o que faz deste combustível um
vetor energético", completou.
Então,
como o grupo do professor já estava envolvido com a área de eletroquímica,
começou, nessa época, uma intensa atividade na pesquisa e desenvolvimento da
produção de hidrogênio por eletrólise da água. O objetivo das pesquisas era
reduzir o custo de produção de hidrogênio por esse método, que é um dos mais
elevados.
No
Brasil, o interesse com relação ao uso do hidrogênio foi com as chamadas
"células a combustível", que são dispositivos eletroquímicos
inicialmente desenvolvidos para produzir energia em naves espaciais. No
entanto, apesar do custo ser elevado, foi avaliada a possibilidade da pesquisa
científica sobre estes dispositivos viabilizar aplicações terrestres. Foi nesse
contexto que o professor Gonzales e seu grupo começou os estudos com células a
combustível.
Atualmente
Nas
décadas seguintes, o pesquisador dedicou-se a outras atividades, destacando a
que considera mais importante: a introdução do uso dos álcoois, no lugar do
hidrogênio como combustíveis para a célula. "O uso de álcoois como
combustíveis não é fácil devido à lenta cinética de oxidação dessas moléculas.
Porém, visto o grande interesse do Brasil no etanol dedicamos importantes
esforços para tentar viabilizar o uso de álcoois como o etanol nas células a
combustível".
Segundo
Ernesto, as realizações tecnológicas derivadas dos projetos descritos não tem
tido muito destaque visto o pouco interesse empresarial em se engajar na área
de células a combustível. "Hoje em dia, existem no Brasil numerosos grupos
que realizam atividades acadêmicas relacionadas com a eletroquímica, com a
conversão eletroquímica de energia e células. Assim, nos constituímos em um
centro de referência nessas áreas para o país e também no cenário
internacional", explica.
Em
toda sua carreira acadêmica, Gonzalez publicou 223 trabalhos, tem248 trabalhos
em anais de eventos, escreveu 8 capítulos de publicações e 2 livros. Aos 77
anos, já recebeu 26 prêmios.
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